Snow White : A Tale of Terror é o título original do filme de 1997, conhecido aqui como Floresta Negra. Um filme ideal para se assistir no Halloween e, na minha opinião, a melhor adaptação de Branca de Neve de todos os tempos!
Os contos de fadas são fascinantes, principalmente em suas origens, tanto as versões dos irmãos Grimm quanto as mais antigas ainda, quando a história mal era documentada, e tudo tinha um caráter extremamente sombrio. Os contos de fadas eram histórias usadas para dar lições de moral, e obviamente não eram para criancinhas, mas exatamente para os adultos. Os temas condiziam com o público alvo, envolvendo assuntos como a maldade, a morte e a sexualidade. Ilustravam bem a época em que vigoravam, onde o imaginário do povo tomava conta de tudo; cada fato da vida tinha uma explicação mística e alguns dos costumes, vistos por nós nos dias de hoje, eram até mesmo macabros e bizarros.
Existem milhares de adaptações para os contos de fadas, sendo as mais conhecidas as da Disney, onde as histórias estão infantilizadas e no final tudo acaba feliz. Branca de Neve é um dos favoritos para as adaptações, provavelmente por possuir uma das histórias mais instigantes dos contos de fadas. As adaptações para o cinema raramente saem da zona de conforto e, quando feito, de maneira não muito bem executada, recheadas dos clichês mais cansativos. Poucas consideram recuperar as versões mais antigas do conto e assumir o caráter sombrio inerente a elas.
Liliana, a protagonista.
E é por isso que Floresta Negra é a minha adaptação favorita (senão a única que realmente gosto) de Branca de Neve. O vi pela primeira vez por um acaso num dos canais da tv a cabo e me encantei. Passei anos sem ter ideia do nome daquele filme (ou qualquer outra informação relevante), mas não conseguia me esquecer de nenhuma das cenas, que me prenderam tanto. Naquela época comecei uma busca incansável pelo filme e acabei assistindo todos os tipos possíveis de adaptações de Branca de Neve até que finalmente encontrasse esse filme, que não é tão conhecido assim. E então ele rapidamente passou de um filme que eu desejava muito encontrar para o topo da minha lista de filmes favoritos!
Lady Claudia, a minha personagem favorita e mais intrigante.
O filme conta a tão conhecida história de Branca de Neve, que se chama Liliana, e sua madrasta má, Lady Claudia. Ao mesmo tempo que segue o roteiro original, faz inovações muito interessantes para que a história se torne mais realista e sombria. Um nobre e sua esposa sofrem um acidente e a mulher acaba falecendo, mas a criança que esperava é salva. A menina Liliana cresce bonita, saudável e cada vez mais parecida com a mãe, mas tudo muda quando o pai decide se casar novamente com a bela Lady Claudia, que vai morar na casa da família junto com o irmão mudo. Liliana é contra o casamento por ciúmes do pai e por não aceitar que alguém tomasse o lugar de sua mãe e então vive azucrinando a madrasta. Até que Lady Claudia engravida e acaba perdendo o bebê, a maior alegria de sua vida. A perda do bebê não só enegreceu ainda mais sua alma, como fez com que seu ódio pela enteada aumentasse. Lady Claudia, excessivamente vaidosa, vê em Liliana uma inimiga em potencial e um empecilho para seus objetivos e então decide que a única maneira era tirá-la do seu caminho.
Os pontos que eu desejo chamar atenção no filme são: o príncipe, o espelho e os sete anões. O príncipe ganha uma versão completamente diferente e nada idealizada aqui. Continua sendo lindo, rico, gentil e um pretendente perfeito (para os padrões da época). Mas apenas nas aparências. Como qualquer homem, com defeitos e recaídas, o príncipe também tem seu lado obscuro. O espelho não é visto mais como um espelho mágico que conversa com a bruxa má. É um espelho embutido num armário, dado pela mãe de Claudia, e o responsável por influenciar a madrasta não é uma criatura mágica, mas o próprio reflexo. A magia tão abordada nas versões infantis aqui toma a forma de bruxaria. Por fim os sete anões de anões não tem nada. São apenas homens marginalizados, sem família nem dinheiro, que vivem juntos no meio da floresta e trabalham na mina para sobreviver. Um só dos homens é anão e todos os outros não. Eles não vivem numa casinha pequena, bonitinha e são muito gentis, mas são homens rejeitados e trabalhadores, com a esperança de que um dia possam reconstruir suas vidas.
Existem vários aspectos do filme que podem ser analisados mais de perto e são não só mais verossímeis, como também passam uma mensagem interessante e digna do mundo real. O filme tem toda aquela pegada sombria e de terror, e ao mesmo tempo com passagens verdadeiramente adoráveis. Sem palavras para descrever o meu amor!
Bons sonhos...
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