segunda-feira, 2 de novembro de 2015

The Craft

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Outro clássico, The Craft (Jovens bruxas, no Brasil) conta a história de quatro meninas que se veem envolvidas no misterioso e sedutor mundo da bruxaria. O filme é de 1996 e bastante inovador, e teve um papel importante para popularizar a cultura e moda gótica, além das crenças como da religião wicca. Além disso, dois dos atores principais mais tarde estrelaram em outro clássico, Scream (Pânico, no Brasil). 

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O filme conta a história de Sarah, uma adolescente que acaba de se mudar e encontra dificuldades em se enturmar no colégio. Como todos nós já experienciamos, a vida nas escolas, principalmente no ensino médio, pode ser muito difícil. Existem os populares que ditam regras, e aqueles que não se encaixam são vistos como esquisitos; são excluídos e atacados, deixando marcas para a vida inteira. A adolescência é uma época difícil não só por esse fator, mas também por ser uma fase de descoberta e incerteza em todos os âmbitos da vida, principalmente quanto à identidade. Ser o novato é outra experiência traumatizante, em especial quando se tem dificuldades em se encaixar nas panelinhas e não está disposto a mudar sua personalidade para ser aceito. 

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É o caso de Sarah, que só é abordada pelo garanhão do colégio, Chris, que imediatamente começa a investir nela. Todos evitam um grupo específico de meninas e a alertam Sarah a não se aproximar delas, mas tudo isso é em vão, já que aos poucos essas meninas se tornam as únicas e melhores amigas de Sarah. 

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Um dos trechos preferidos pelos fãs.

As meninas são chamadas de bruxas: Nancy é a líder, irreverente e ao mesmo tempo fechada às outras pessoas, Bonnie é a reservada e estranha e Rochelle é a gentil e fiel companheira das outras duas. O que as exclui dos outros são suas personalidades e características, foras do padrão daqueles jovens. Nancy é ousada e independente e tem um visual incrível gótico, e por isso é chamada de "galinha". Já Bonnie é quieta, está sempre vestida com muitos casados e parecendo se esconder, e as pessoas especulam que seu corpo seja horrível e marcado. Por fim, Rochelle é meiga e agradável, mas sofre preconceito por ser negra e por ter gostos diferentes, o que faz com que as três se identifiquem tanto. 

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As meninas frequentam regularmente uma loja de itens místicos e se interessam por bruxaria. Acreditam que nada do que têm feito até então funciona pela falta de um quarto elemento, que logo descobrem estar bem próximo a elas, e por isso se aproximam de Sarah. As quatro descobrem que agora têm o poder necessário para alcançar o que tanto almejam, e não medem esforços para isso. 

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O visual de cada personagem não é a única coisa que merece destaque, mas também a trilha sonora, os ideais e críticas contidas no filme, e todos os aspectos que fazem dele um clássico. O tempo passa, mas algumas coisas não mudam, como o bullying e a exclusão de tudo o que é diferente, tanto na escola, quanto na sociedade. É na adolescência que nos preparamos para a idade adulta e descobrimos que as coisas serão exatamente daquela maneira, e que alguns de nós sempre serão julgados pela roupa que vestem, pela cor da pele, pelas cicatrizes no corpo, ou até mesmo pelo simples fato de ser de um gênero, e não de outro. 

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Nancy é minha personagem preferida apesar de tudo, não só pelo estilo, mas pelos seus ideais. Ela é uma garota forte, ousada, irreverente, à frente de seu tempo. Não se prende aos rótulos que as pessoas dão a ela e corre atrás de seus objetivos, e isso fica especialmente claro com relação a Chris, um machista idiota, para quem ela não abaixa a cabeça. Aliás, não abaixa para ninguém. 


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Linda Nancy.

O filme conta com dramas adolescentes, fantasia relacionada à bruxaria e tudo isso se mistura de uma maneira divertida e sombria. Um dos filmes preferidos de toda bruxa!

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domingo, 1 de novembro de 2015

The Nightmare Before Christmas


Ontem foi um dia tão lindo e especial e eu pretendia fazer essa postagem, mas fiquei ocupada com a minha própria festinha de Halloween e deixei a postagem para hoje. Por isso, não poderia comentar sobre outro filme senão esse, clássico eterno do Tim Burton. The Nightmare Before Christmas, ou O estranho mundo de Jack, é provavelmente minha maior obsessão ever. Os personagens do filme estão nas minhas blusas, na minha mochila, nos meus colares, nos meus livros, nas minhas tatuagens. É muito amor! O filme é um verdadeiro ícone para a cultura gótica em geral e perfeito para ver no Halloween e também no Natal. 


Não é preciso falar muito sobre o enredo (já que eu presumo que todo mundo conheça). Então irei falar dos meus pontos preferidos do filme e porque o amo tanto assim (se eu conseguir explicar, claro). Primeiramente, Tim Burton é o meu diretor favorito de todos os tempos e um verdadeiro gênio. O filme é todo em stop motion, com bonequinhos sendo fotografados em cada mínimo movimento, e depois tudo combinado. Hoje em dia essa técnica quase não é mais utilizada por ser tão trabalhosa, mas é definitivamente incrível. Fiz uma vez um trabalho na escola há alguns anos em stop motion, gravei uma única cena com menos de um minuto e deu um trabalho gigante. Imagine um filme inteiro e tão bem elaborado! 


Os cenários e os personagens são muito agradáveis aos olhos. Originais, sombrios e até mesmo cômicos, cada personagem é bastante único e singular. O visual do filme é uma mistura de vários elementos da cultura gótica, como o ambiente noturno, as ruas antigas, escuras e úmidas, os personagens com feições únicas. E aí entra outro elemento genial sobre as animações de Tim Burton: os personagens possuem traços bem característicos, como olhos grandes e profundos, expressões assustadas, corpos muito esguios. Todas essas características são fundamentais na construção dos personagens, além das feições cheias de expressividade.


O enredo é macabramente adorável. Mistura elementos clássicos de filmes de terror (como a criação de criaturas por um cientista maluco), com um quê de infantil e idealizado, como os elementos do natal. Outro aspecto que faz com que esse filme seja o sucesso que é, e tão amado pelos fãs, é a excelente trilha sonora. As canções são narrativas e expressivas, surgem no momento certo, e não são chatas e forçadas como a maior parte dos musicais infantis. Não só são sonoramente agradáveis, como possuem letras bem escritas e são muito marcantes. O  cd Nightmare Revisited também merece atenção; é uma versão com as músicas do filme cantadas por artistas consagrados, como Amy Lee, Marylin Manson, Korn, Flyleaf. Minhas versões favoritas são This is Halloween e Sally's Song. 
Obs: A versão de Sally's Song da Fiona Apple também é incrível! Vale a pena dar uma conferida. 


Jack e Sally são um casal adorável e o romance entre eles é sutil, mas bem elaborado. Sally é dócil, mas ao mesmo tempo teimosa e decidida, e sofre de um amor não correspondido. É linda em todos os sentidos possíveis e uma verdadeira dama. Já Jack... É muito mais profundo do que parece. Ele é a perfeita metáfora para todos aqueles que se sentem deslocados em seu mundo; mesmo sendo igual a todos os outros externamente, por dentro ele se sente diferente. Por mais que tenha sucesso onde vive, aquilo não é o suficiente, pois ele sempre sente que algo está faltando em sua vida. É por isso que tantas pessoas se identificam com Jack: assim como eles, não se encaixam onde vivem e estão sempre em busca de preencher o vazio que carregam no peito. Também quero dar destaque a outro personagem que simplesmente amo: o Dr Finklestein.

Para finalizar, o álbum completo do Nightmare Revisited. Aproveitem!



Um excelente Halloween para vocês!

quinta-feira, 29 de outubro de 2015

The Crow


The Crow (O Corvo, no Brasil) é um filme de 1994 inspirado numa história em quadrinhos. O personagem principal, interpretado por Brandon Lee, tornou-se um ícone, tendo reproduções em bonequinhos, camisas, referências em outros filmes e obras e sua pintura facial se tornou uma das mais famosas e inconfundíveis do cinema. 

"Acredita-se que, quando uma pessoa morre, um corvo levará sua alma para a terra dos mortos. Mas às vezes... Somente às vezes... O corvo pode trazer essa alma de volta."

O filme conta a história de um músico, Eric, que vive com sua noiva, Shelly, numa cidade controlada pelo crime. Na noite que precede ao Halloween acontece a Devil's Night (Noite do Demônio, em português), quando as maiores atrocidades acontecem e nada é punido. E é justamente numa dessas noites que Eric e Shelly são assassinados, em seu apartamento. Eric morre na hora, baleado, e Shelly acaba não resistindo depois de receber atendimento médico, vítima de estupro. 

"E o demônio envergonhou-se ao sentir o quanto a bondade pode ser terrível..."

Um ano depois Eric volta à vida através da misteriosa ligação com um corvo, se lembra da tragédia que destruiu sua vida e a de Shelly, e está decidido a se vingar de todos os responsáveis, um por um. Eric acaba contando com a ajuda de alguns amigos, como a doce menina Sarah e o sargento Albrecht, que o ajuda a desvendar a hierarquia de crimes da cidade e descobrir que sua vingança maior não deve ser destinada aos peixes pequenos, que o assassinaram, mas aos líderes de todo aquele Império de Crime, as cabeças por trás de tudo, Top Dollar e sua irmã. 

Os líderes do crime. Irmãos... Apesar de tudo. 


Os ambientes do filme são intrigantes e sombrios, assim como toda a trama. A cidade é escura, triste, abandonada; o tempo sempre fechado, frequentemente chovendo, e esses são importantes elementos para construir esse clima macabro do filme. Da mesma maneira, a trilha sonora é incrível e é outro fator essencial, assim como os nomes dos personagens (quase sempre apelidos, no caso dos criminosos) e a aparência de cada um, com seus visuais excêntricos.

"Todo homem tem o diabo dentro de si, e não descansa enquanto não o encontra."

O filme inteiro possui elementos e influências góticas muito profundas. Os líderes do crime e, consequentemente, da cidade, Top Dollar e sua irmã, são personagens particularmente intrigantes e que merecem atenção. 



Por fim, o filme ganhou um caráter ainda mais sombrio devido ao terrível acidente ocorrido com o ator principal, Brandon Lee, que foi baleado de verdade durante uma das filmagens e faleceu. Foi na gravação da cena em que Eric é baleado e cai pela vidraça em que o ator de fato foi atingido, devido a um erro técnico. Foi decidido então que o filme fosse lançado mesmo com a tragédia, em homenagem ao último e mais importante trabalho de Brandon, que acabou o imortalizando. Por esse motivo o filme se tornou ainda mais popular e adorado. 

"Se as pessoas que amamos nos forem tiradas, a forma que temos de mantê-las vivas é nos lembrarmos delas. Edifícios incendeiam, pessoas morrem, mas o amor verdadeiro é para sempre."


Uma ótima escolha para o Halloween!

 

segunda-feira, 26 de outubro de 2015

Snow White : A Tale of Terror


Snow White : A Tale of Terror é o título original do filme de 1997, conhecido aqui como Floresta Negra. Um filme ideal para se assistir no Halloween e, na minha opinião, a melhor adaptação de Branca de Neve de todos os tempos! 
Os contos de fadas são fascinantes, principalmente em suas origens, tanto as versões dos irmãos Grimm quanto as mais antigas ainda, quando a história mal era documentada, e tudo tinha um caráter extremamente sombrio. Os contos de fadas eram histórias usadas para dar lições de moral, e obviamente não eram para criancinhas, mas exatamente para os adultos. Os temas condiziam com o público alvo, envolvendo assuntos como a maldade, a morte e a sexualidade. Ilustravam bem a época em que vigoravam, onde o imaginário do povo tomava conta de tudo; cada fato da vida tinha uma explicação mística e alguns dos costumes, vistos por nós nos dias de hoje, eram até mesmo macabros e bizarros. 



Existem milhares de adaptações para os contos de fadas, sendo as mais conhecidas as da Disney, onde as histórias estão infantilizadas e no final tudo acaba feliz. Branca de Neve é um dos favoritos para as adaptações, provavelmente por possuir uma das histórias mais instigantes dos contos de fadas. As adaptações para o cinema raramente saem da zona de conforto e, quando feito, de maneira não muito bem executada, recheadas dos clichês mais cansativos. Poucas consideram recuperar as versões mais antigas do conto e assumir o caráter sombrio inerente a elas. 

Liliana, a protagonista.


E é por isso que Floresta Negra é a minha adaptação favorita (senão a única que realmente gosto) de Branca de Neve. O vi pela primeira vez por um acaso num dos canais da tv a cabo e me encantei. Passei anos sem ter ideia do nome daquele filme (ou qualquer outra informação relevante), mas não conseguia me esquecer de nenhuma das cenas, que me prenderam tanto. Naquela época comecei uma busca incansável pelo filme e acabei assistindo todos os tipos possíveis de adaptações de Branca de Neve até que finalmente encontrasse esse filme, que não é tão conhecido assim. E então ele rapidamente passou de um filme que eu desejava muito encontrar para o topo da minha lista de filmes favoritos!

Lady Claudia, a minha personagem favorita e mais intrigante.

O filme conta a tão conhecida história de Branca de Neve, que se chama Liliana, e sua madrasta má, Lady Claudia. Ao mesmo tempo que segue o roteiro original, faz inovações muito interessantes para que a história se torne mais realista e sombria. Um nobre e sua esposa sofrem um acidente e a mulher acaba falecendo, mas a criança que esperava é salva. A menina Liliana cresce bonita, saudável e cada vez mais parecida com a mãe, mas tudo muda quando o pai decide se casar novamente com a bela Lady Claudia, que vai morar na casa da família junto com o irmão mudo. Liliana é contra o casamento por ciúmes do pai e por não aceitar que alguém tomasse o lugar de sua mãe e então vive azucrinando a madrasta. Até que Lady Claudia engravida e acaba perdendo o bebê, a maior alegria de sua vida. A perda do bebê não só enegreceu ainda mais sua alma, como fez com que seu ódio pela enteada aumentasse. Lady Claudia, excessivamente vaidosa, vê em Liliana uma inimiga em potencial e um empecilho para seus objetivos e então decide que a única maneira era tirá-la do seu caminho. 


Os pontos que eu desejo chamar atenção no filme são: o príncipe, o espelho e os sete anões. O príncipe ganha uma versão completamente diferente e nada idealizada aqui. Continua sendo lindo, rico, gentil e um pretendente perfeito (para os padrões da época). Mas apenas nas aparências. Como qualquer homem, com defeitos e recaídas, o príncipe também tem seu lado obscuro. O espelho não é visto mais como um espelho mágico que conversa com a bruxa má. É um espelho embutido num armário, dado pela mãe de Claudia, e o responsável por influenciar a madrasta não é uma criatura mágica, mas o próprio reflexo. A magia tão abordada nas versões infantis aqui toma a forma de bruxaria. Por fim os sete anões de anões não tem nada. São apenas homens marginalizados, sem família nem dinheiro, que vivem juntos no meio da floresta e trabalham na mina para sobreviver. Um só dos homens é anão e todos os outros não. Eles não vivem numa casinha pequena, bonitinha e são muito gentis, mas são homens rejeitados e trabalhadores, com a esperança de que um dia possam reconstruir suas vidas. 

 
Existem vários aspectos do filme que podem ser analisados mais de perto e são não só mais verossímeis, como também passam uma mensagem interessante e digna do mundo real. O filme tem toda aquela pegada sombria e de terror, e ao mesmo tempo com passagens verdadeiramente adoráveis. Sem palavras para descrever o meu amor!

Bons sonhos...

domingo, 25 de outubro de 2015

O retrato de Dorian Gray


Outro filme perfeito para o Halloween, O retrato de Dorian Gray, de 2009, é um filme inspirado no livro de mesmo nome do autor Oscar Wilde. Tanto o filme quanto o livro são excelentes e uma boa pedida para quem procura uma história interessante, original e muito sombria. O filme é fiel ao livro na medida do possível e muito bem executado, longe de ser uma decepção. É bacana usufruir das duas formas porque ambas contam a mesma história com focos e métodos diferentes.

Uma das citações do livro que mais me agrada.

O retrato de Dorian Gray conta a história de um homem jovem, belo e rico, chamado Dorian Gray, que serve de modelo para um talentoso pintor, Basil, para um retrato que acaba sendo sua maior obra prima. Dorian tem um amigo que o ensina como supostamente viver e aproveitar a vida em geral, Lord Henry, mas Dorian acaba levando seus conselhos e modo de vida a sério demais. Cheio de vaidade e desejos, Dorian odeia o fato de um dia envelhecer e perder um dos seus mais valiosos bens, sua beleza, e diante do retrato faz uma reflexão: o retrato continuaria sempre jovem e lindo, mesmo com o passar dos anos. Dorian deseja que pudesse ser o contrário: ele continuar com a juventude e a beleza, enquanto o retrato envelhecesse. E nesse momento percebe que daria tudo para que isso se tornasse realidade, até mesmo a alma. E é exatamente o que acaba lhe custando. 


O livro contém uma porção de reflexões interessantíssimas e não é para menos que é a obra prima de Oscar Wilde. O filme tem cenas muito fortes e marcantes, tentando compensar essa falta de reflexões presentes no livro. O ator que interpreta Dorian foi uma excelente escolha e o elenco em geral é muito bom. 

Dorian e seu retrato.

É uma história não só interessantíssima, mas também com lições para levar para a vida toda. Dorian Gray representa uma porção de coisas: a vaidade, o excesso, o orgulho, a maneira como às vezes levamos ideologias a sério demais e nos apegamos àquelas coisas que nos levam justamente a destruição. É um livro/filme que será sempre citado e sempre estará nas listas de indicações por aí, e de maneira muito justa, pois proporciona uma experiência maravilhosa e consegue transmitir uma história tão original e única que não pode jamais ser substituída ou até mesmo imitada.

 Minha citação preferida. 

O filme é outro dos meus favoritos. Vale muito a pena!  

Uma excelente semana a todos!

sábado, 24 de outubro de 2015

Elvira, a Rainha das Trevas


Cá está um clássico que não poderia deixar de ser citado. Cheio de fantasia e comédia, o filme é um dos mais populares nesse estilo (podemos citar outros, como A família Addams, outro gigante em popularidade). É um marco para sua época, trazendo uma personagem carismática, ousada, fora dos padrões e que instaura um novo tipo de comportamento e ideologia.


O filme é de 1988 (caramba!) e ainda hoje parece muito atual. Conta a história de Elvira, famosa apresentadora de um programa de terror na televisão, que descobre sobre a morte de uma parente distante e se interessa pela herança. Depois de desentendimentos no trabalho e a súbita demissão, o dinheiro que receberá torna-se sua única esperança, e ela planeja usá-lo para fazer seu próprio show na televisão. 

Uma das muitas surpresas no show de Elvira hahaha

Elvira então vai até a cidade da falecida tia avó e é então que todas as confusões começam. A cidade é pequena, tradicional e cheia de pessoas conservadoras. Elvira com seu visual e personalidade excêntrica, além de uma visão de vida muito diferente da de todos ali, obviamente chama muita atenção e desperta opiniões conflitantes nos moradores. Aos poucos ela vai mudando a mentalidade das pessoas ali, principalmente dos jovens, que viviam oprimidos pelos rígidos líderes conservadores da cidade. Ao mesmo tempo ela descobre os segredos da tia avó e percebe que o tio Vincent planeja algo terrível.


O filme é muito divertido, cheio de piadas e cenas cômicas, nos moldes do humor da época. Elvira é uma personagem excêntrica em todos os sentidos possíveis. É um ícone para muitas pessoas (inclusive para mim) não só por sua beleza exótica e estonteante, mas por ser uma mulher forte, independente, inteligente, que luta contra os esteriótipos e é muito além de sua época.  É ousada, curte um rock'n'roll e ainda tem um carro de dar inveja. Quer mais?

Não sei o que amo mais: as unhas ou o volante!

Aproveito a postagem para falar sobre outro filme da diva Elvira, chamado "As loucas aventuras de Elvira", que é um tanto quanto menos conhecido que o primeiro, mas incrível. Esse filme conta a história de Elvira e sua criada que fogem de uma pensão por estarem abarrotadas de dívidas, e acabam recebendo a carona de um misterioso homem que as leva a um castelo muito sombrio. Lá conhecem a família Hellsubus, supostamente assombrada, e Elvira descobre que tem mais relação com o passado dos Hellsubus do que imagina. As loucas Aventuras de Elvira é bem mais recente, de 2001, e contém o mesmo caráter cômico do primeiro.



quinta-feira, 22 de outubro de 2015

Yamato nadeshiko shichi henge




Essa é uma história divertida que ganhou forma em mangá, anime e até mesmo dorama. As adaptações não são muito diferentes umas das outras, mantendo a história base e os acontecimentos principais. Dos três, o drama é o que mais se diferencia, podendo não agradar muito os fãs do mangá e do anime. Tem uma temática bastante diferente ao se tratar de uma protagonista que foge completamente aos padrões: não é linda, gentil, meiga e tímida, como costumam ser as heroínas dos mangás, mas, pelo contrário, é desajeitada, despreocupada, amante de tudo que envolva o terror, sem carisma e particularmente creepy.




Sunako Nakahara é uma garota que nutre um grande trauma por ter sido rejeitada pelo rapaz que gostava e ser chamada de feia. Desde então ela para de se cuidar e se tranca num mundo sombrio e macabro, onde ninguém mais pode entrar. É apaixonada por caveiras, cadáveres, sangue, filmes de terror e algumas outras bizarrices. Ela acaba se tornando uma antissocial de primeira, evitando ao máximo as pessoas e trancada em seu quarto escuro e assustador. É então que sua tia muito rica negocia com alguns rapazes que vivem numa de suas mansões: se eles forem capazes de transformar Sunako numa dama, eles não teriam que pagar o aluguel (que provavelmente devia ser os olhos da cara!). Eles aceitam, mas obviamente não imaginam que seria tão difícil assim. 
A história parece um grande clichê, certo? E não está muito longe de ser verdade. Sunako é linda por debaixo da máscara que está sempre usando (seus cabelos no rosto, roupas de dormir e muito desleixo), além de ser uma menina meiga e prestativa, completamente diferente do que todas as pessoas pensam ao seu respeito. 


Sunako e sua franja que praticamente tem vida própria.

Ela também pode se tornar bastante forte e decidida se está sob pressão, além de ser bastante competitiva (mesmo que esses momentos de glória sejam tão curtos). Mas o fato é que ela simplesmente se recusa a mudar. Sunako descobre mais tarde que o que antes era uma armadura para o seu trauma, acabou se tornando um dos mais característicos traços de sua personalidade e identidade. Por isso, mesmo com tanta investidas, se recusa a mudar, porque acredita que não precisa mudar, principalmente se isso será unicamente para agradar os outros.


O problema de Sunako é que ela leva tudo ao extremo e às vezes chega a ser irritante. Ela se recusa a socializar com quem quer que seja, se mantém afastada de pessoas muito bonitas (porque elas são brilhantes demais), é teimosa e não colabora com o que quer que não a interesse. Mesmo que algumas pessoas sejam mais introvertidas que outras e que tenhamos nossas particularidades, é impossível viver completamente alheio a sociedade que nos cerca. Enquanto adotamos atitudes extremas coo as dela, deixamos de conhecer pessoas incríveis que podem compartilhar dos nossos mesmos gostos e angústias, ou não, podem ser completamente diferentes de nós, mas fundamentais para nossa trajetória e crescimento. Ao mesmo tempo a atitude da protagonista se assemelha ao que a traumatizou em primeiro lugar. O garoto foi insensível e preconceituoso com ela, rejeitando-a e chamando-a de feia (e isso continua o tempo todo, com a diferença de que agora ela não se importa); ela é preconceituosa ao afastar as pessoas simplesmente por serem bonitas e brilhantes, como se não pudessem ser mais do que isso. Mesmo que esse extremismo seja própria para dar o aspecto cômico à história, visto como piada, pode ser levado mais a sério se considerarmos que a armadura que Sunako veste é a mesma de muitos jovens que se sentem rejeitados de alguma forma.


Todos sabemos que uma garota pode ser sombria e bonita ao mesmo tempo, e essa mensagem não fica clara na história. Ser bonita não significa ser superficial, mesmo porque beleza é um conceito extremamente relativo. Cuidar de si mesma e da sua auto estima não garante que você seja bonita aos olhos dos outros, mas aos seus próprios, e é realmente o que importa. Sunako tem pouquíssimo amor próprio e é justamente sua falta de confiança que evita com que ela solucione seus problemas e chegue muito longe. 

Todos nós somos estranhos, cada um à sua maneira.

Confesso ter ficado o tempo inteiro esperando a tal transformação da Sunako. Não queria que ela se tornasse uma "dama", uma garota comum e bonita aos olhos da sociedade, ignorando seus próprios gostos e quem ela era de verdade. Pelo contrário, queria que ela finalmente agisse como uma mulher forte e independente, capaz de resolver os próprios problemas, ir atrás do que quer e calar a boca de todos que já riram dela. Uma mulher que pode ser linda e inteligente ao mesmo tempo, mesmo que não se vista como todas as outras garotas, mesmo que não se encaixe no padrão. Uma mulher de personalidade e que tem confiança o suficiente para defender sua própria personalidade, e amá-la acima de tudo. 

Got it?

O mangá é mais completo, mas o anime é bem fiel aos acontecimentos e apenas os condensa. Seus traços do anime particularmente me agradam mais, são mais sofisticados. O drama, apesar de modificar bastante coisa, tem a grande qualidade de que é simplesmente incrível ver personagens ganharem vida e serem interpretados por pessoas reais. Além disso, um grande defeito do mangá e do anime é que Sunako passa a maior parte do tempo desenhada de maneira diferente, pequenininha e escondida, provavelmente para reproduzir a personalidade introvertida nela. Mas no dorama essa artimanha não é possível e finalmente vemos a Sunako o tempo todo como uma pessoa normal (dependendo da definição de normal) e linda como ela realmente é!  O anime é minha versão favorita (inclusive está na minha lista de melhores animes também), mas vale a pena conferir o restante. 


Sonho de consumo.

Por fim, a mensagem geral é muito reconfortante: as pessoas simplesmente não mudam aquilo que faz parte delas, e tampouco devem fazê-lo para agradar os outros, e quem as ama, aprende a amá-las da forma que são. Aceitamos as diferenças, aprendemos a conviver com as mais diversas personalidades e se alguém tenta mudá-lo é porque não gosta do seu jeito e, se não gosta do seu jeito, não gosta de você, uma vez que tudo isso faz parte da sua identidade. Por mais personagens como Sunako que amem filmes de terror, tenham uma aparência fora dos padrões, sejam cheias de acessórios incríveis (como o relógio acima) e nos representem.